domingo, 17 de junho de 2012

Projeto Paisagem de Vik Muniz

Até o dia 22 de junho de 20122, a população carioca poderá deixar seu lixo reciclável no estúdio improvisado do artista, uma tenda de 1.200m² no terreno localizada entre o Aeroporto Santos Dumont e o Museu de Arte Moderna — no Aterro do Flamengo. O público que levar seu lixo poderá ajudar a produzir a obra, posicionando o objeto doado diretamente no ponto indicado por orientadores.





Quem quiser apenas acompanhar a criação da obra poderá ficar na passarela que será colocada a quatro metros do chão para observação. Serão aceitas para a doação garrafas pet e latas de alumínio — já limpas e sem traços de matéria orgânica. Responsável pelo gerenciamento do lixo reciclável durante a Rio+20, o Instituto Doe seu Lixo será outro parceiro do projeto, contribuindo com parte do material reciclável.


Veja como foi o desenvolvimento do projeto Paisagem de Vik Muniz:




O Estrangeiro by Caetano Veloso on Grooveshark

O Estrangeiro

Caetano Veloso



O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara

O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela

Baía de Guanabara

O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?

O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem

Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante de areia branca e de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora

Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)

E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier:

"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:

É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nú

E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").

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