quarta-feira, 20 de março de 2013

ARTE: ILUSÃO OU REALIDADE?




ARTE: ILUSÃO OU REALIDADE?


Texto de Tania Regina Rossetto

Popularmente dizemos e ouvimos dizer que "nessa vida tudo é ilusão". Mas, para concordar ou discordar é preciso refletir sobre o que significa realidade e ilusão. O que é ilusório? O que é real? A arte representa a realidade por meio da ilusão? Ou é a realidade que expressa ilusão?

Por detrás das câmeras


Provavelmente você já deve ter assistido ou ouvido alguém falar de Matrix, o filme. Matrix, principalmente em razão de seus efeitos especiais, é considerado um marco na história do cinema.
A saga contida em Matrix é dividida em três filmes – a "trilogia Matrix" – e levanta dúvidas cruciais sobre a vida humana: o que vemos é real? E nós, somos reais ou não passamos de uma ilusão?
Tudo começa como no livro infantil de Lewis Carroll: Alice no País das Maravilhas, (seria muito interessante ler o livro). Neo, personagem principal do filme Matrix, segue o coelho branco e precisa fazer uma escolha entre a pílula vermelha que revela toda a realidade, ou a pílula azul que deixa tudo como está. Toda a realidade e toda a ilusão são reveladas a partir dessa escolha, e Neo é levado a saber até onde vai a toca do coelho de Alice.
A partir da escolha que faz (saber toda a verdade) Neo passa a ser o "escolhido", uma analogia ao "Messias" que irá salvar a humanidade do domínio das máquinas, o único que pode vencer o mal estabelecido pelo próprio homem.
Os personagens sobem pelas paredes, pulam de um prédio a outro, participam de lutas alucinantes, desviam de balas disparadas à queima roupa, morrem, mas, vencem a própria morte. Acima de tudo, o filme deixa claro, a todo o momento, a importância de um sentimento do qual as máquinas são desprovidas: o amor.
O filme Matrix apresenta uma história, contada em uma linguagem contemporânea, que nos faz pensar sobre o que é realidade e ilusão. Podemos comparar a mensagem do filme com a Alegoria da Caverna de Platão, filósofo grego do século IV a.C. (428-427 a.C. – 348-347 a.C.).

Conheça alguns fragmentos da Alegoria da Caverna de Platão, República, Livro VII, 514ª-517c
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Suponhamos alguns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz... Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços... há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro...
(...)
Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e animais, de pedra e de madeira... como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
(...)
Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?
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De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
(...)
... o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora.
(...)
... se alguém o forçasse olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto aos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhes mostravam?
(...)
Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e seu brilho de dia.
(...)
Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.
(...)
Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que já possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?
(...)
E se lhe fosse necessário julgar aquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo.
(...)
Fontes de pesquisa:
1- Filme: Matrix, trilogia de Larry e Andy Wachowiski.
2- Revista Isto É nº 1753 – 07/05/2003, p. 80-81 (98 páginas) Reportagem: Reféns da Tecnologia. Darlene Mencione e Lia Vasconcelos, p. 80-85.

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